Brasil pode ter a fama de país do futebol, mas em um aspecto não se diferenciou da maioria: o preconceito existente durante muito tempo contra meninas jogando futebol. Em sua pequena e humilde cidade de Dois Riachos, no estado de Alagoas, Marta Vieira da Silva viveu isso na pele e, se conseguiu superar as adversidades, foi porque realmente seu talento era absolutamente sem precedentes. 

Não tardou muito para que os garotos que compartilhavam bate-bola com Marta percebessem que a menina não apenas tinha nível para acompanhá-los como era de fato melhor que todos por ali. Ela se destacava tanto, e tamanha era sua paixão pelo esporte, que aos 14 anos Marta deixou Dois Riachos e foi ao Rio de Janeiro tentar a sorte no Vasco. 

Aliás, sorte não. Porque com o talento descomunal que tem e a garra para superar obstáculos, o sucesso era inevitável. Quando o Umeå IK, da Suécia, a contratou, Marta contava apenas 18 anos, mas já andava no trilho que a levaria a ser um verdadeiro fenômeno: em 2004, conquistara a Bola de Ouro adidas na Copa do Mundo Sub-20 Feminina da FIFA, além de ter ajudado o Brasil na campanha da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas. Isso, somado ao sucesso estrondoso com seu clube, atraiu a atenção do planeta até o ponto em que, em 2006, a alagoana chegou ao auge e conquistou o prêmio de Jogadora do Ano da FIFA.

Aquilo, na verdade, apenas parecia ser o auge. Porque o crescimento de Marta significou uma nova era no futebol feminino do Brasil, que se tornou uma potência de nível mundial graças, em grande parte, à camisa 10. Ela recebeu a Bola de Ouro e a Chuteira de Ouro adidas na campanha brasileira rumo ao vice-campeonato da Copa do Mundo Feminina da FIFA China 2007, e com isso garantiu seu segundo título seguido de Jogadora do Ano da FIFA. No ano seguinte veio sua segunda medalha de prata olímpica consecutiva, em Pequim – essa com um sabor muito mais amargo, já que a brasileira admitiu ter expectativas concretas de conduzir a Seleção ao ouro. Sua performance, porém, foi impecável a lhe valeu um terceiro prêmio consecutivo de Jogadora do Ano. E, por se restasse alguma dúvida, em 2009 Marta se tornou a primeira jogadora da história a conquistar quatro troféus de melhor jogadora do mundo, superando a marca de três que dividia com a alemã Birgit Prinz.

Tudo isso parece demais? E que tal lembrar que Marta tem apenas 24 anos? Alguém se arrisca a dizer qual é o limite da alagoana de 1,60m?